A Vulnerabilidade do Espírito
Avançar no tempo com melhor percepção de nós mesmos; avançar no autoconhecimento que apenas brota de almas já magoadas; avançar rumo a um caminho que se quer cada vez mais nítido, e cheio de autoconfiança. A vulnerabilidade do espírito tem o condão de nos permitir avançar.
Pois é. A volatilidade do ser humano, tantas vezes lançado aos fios das navalhas que nos revolvem as entranhas, impiedosamente..., também é importante. E porquê? Para que nos lembremos da nossa condição única do livre arbítrio - essa capacidade aparentemente tão cheia de liberdade, mas que mascara a exatidão do que nos é exigido enquanto seres do bem.
Podemos escolher sê-lo. Podemos negar-nos a alcançá-lo. O Bem. Mas no fundo, qualquer das opções sujeitas à vulnerabilidade do espírito irão irremediavelmente desembocar no que nos estava predestinado pelo próprio Universo - desde o início das nossas vidas.
Porque precisamos então desta coisa chamada vulnerabilidade, e que nos atira tantas vezes ao arremesso mais obscuro de nós mesmos?
A resposta pode surgir com uma outra pergunta: Porque precisamos nós de viver, se viver implica inevitável sofrimento? Pois é. Não nos compete entender esse porquê. A nossa única missão é sermos o melhor de nós mesmos. Dia após dia. Ano após ano... E quem sabe, vida após vida...
É isto a subjetividade do ser humano. Aqui nos deparamos como que num confronto com o pior dos pesadelos; deparamo-nos com a constante impermanência de nós mesmos, das nossas ações, dos nossos tão frágeis sentimentos, e de tudo aquilo que - tão secretamente - desejamos para as nossas vidas.
Não existe lei. Não existem normas nem guia de instruções para as nossas vidas. O nosso único instrumento possível é a própria intuição - e o que escolhemos fazer com ela. Pois é a intuição - melhor ou pior trabalhada - que nos vai reduzindo, a pouco e pouco, os momentos de vulnerabilidade nas nossas vidas. Esses momentos a que não escapamos.
Autoconhecimento. Maturidade. Capacidade de aceitação perante o outro. A visão levantada de um horizonte maior, mais puro e mais brilhante. A vontade férrea de querermos ser melhor - por dentro e por fora, connosco e com os demais. Tudo isso são os pequenos grandes passos que o espírito pode aprender, ao fim e ao cabo, de muitos momentos vulneráveis a que nos vimos prostrados.
Nada a lamentar. O passo a passo coerente e consistente é o único que nos garante não cair quando aprendemos a andar pela primeira vez no início das nossas vidas, não é assim?
Pois bem, a vulnerabilidade do espírito que tantas vezes nos parece apedrejar a alma de tantas dúvidas que suscita, é, afinal, um elixir ao nosso futuro bem estar. Uma dádiva, e um caminho essencial para que a maturidade chegue.
Ser, estar e agir de modo vulnerável é aquele "sofrer um bocadinho para não sofrer nunca mais" - como nos ensina nas suas palestras inigualáveis o neuro coach Gustavo Bertolotto. Sim, sofrer um pouquinho agora: com todos esses momentos vulneráveis e legítimos, fruto da nossa inexperiência; com todo esse amar demais os outros, e receber pedras pelo caminho; com esse incessante acreditar que o que mais queremos está ali, ao virar daquela esquina...
Sim, sofrer agora... mas acumular experiência! Acumular perdão por quem não sabe melhor.
Não julgar quem não sabe mais. Acumular condescendência pela dor que nos foi dada a viver.
Sentir compaixão por tudo e todos - mesmo que em absoluto silêncio. E sim, seguir em frente com um punhado de coragem, e olhos postos nesse tal horizonte... que sabe muito mais do que nós!
Somos apenas humanos numa busca incessante. E todos estes pequenos sofrimentos nos garantem uma coisa extraordinária, e que nenhum valor monetário compra: o Autoconhecimento. Este conhecermo-nos a nós próprios, esse Nosce te Ipsum que a vida nos exige para que sejamos melhores, a cada dia de renovado madrugar.
A vulnerabilidade é positiva. É benéfica e traz bons frutos se formos inteligentes o suficiente para aprender com as pequenas lições que a vida nos vai permitindo. Vamos fazer dela um ponto forte e apanágio do ser humano que revela consciência. Que pensa, e reflete de que modo se poderá colocar, ou recolocar, na sua vida. Dia após dia, ano após ano...
A vulnerabilidade é a condição base para que possamos progredir. Para que possamos evoluir e engrandecer em todos os sentidos: psíquico, porque a estrutura mental se torna mais resiliente quando estremecida; emocional, porque nos tornamos mais clarividentes no que toca ao amor - a primordial emoção; e espiritual, porque a cada vulnerabilidade vencida subimos um degrau na ascensão moral.
Que possamos todos ser vulneráveis, desde que nos forcemos a nós mesmos a não repetir a vulnerabilidade passada. É sempre uma outra, qualquer outra, diferente e superior... pois já não somos os mesmos. E por isso exigimos mais de nós mesmos... exigimos progredir.
Por Joana Fonseca
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2022
www.pnl-coachingeducacionais.com
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2022
https://issuu.com/progredir/docs/revista_progredir_130/38
https://www.pnl-coachingeducacionais.com/l/a-vulnerabilidade-do-espirito/