Meditação para crianças? Difícil sim, mas muito útil!

14-04-2021


Meditar é estar em sintonia consigo mesmo. Meditar é percorrer um caminho até ao seu próprio interior e pedir a esse ser interior que se comunique consigo de uma forma mais consciente.  

Mais consciente no sentido em que pedimos ao nosso ser interior que nos faça saber quais são as nossas verdades mais profundas. E unicamente nossas. 


O que é meditação?

Meditar consiste num ritual que qualquer ser humano dotado de capacidades cognitivas funcionais pode colocar em prática.

O ser humano medita desde que existe. Existimos há quantos milhões de anos? Pois é, não é coisa da sociedade moderna. É milenar.


Meditamos para encontrar respostas. Meditamos para nos silenciarmos quando o ruído ao redor, e não só, se torna quase insuportável. Meditamos para nos sintonizarmos com aquilo que nos transcende. Aquilo que não compreendemos, porém sabemos existir. Meditamos para comunicar com o nosso passado - por mais remoto que seja. Meditamos porque acreditamos que a vida é algo mais do que o visível. Meditamos para nos sentirmos mais em paz connosco mesmos.


Diferenças entre Meditação e Mindfulness

Meditação não pressupõe apenas o simples acto de estar sentado em silêncio. Essa é a via para que a meditação aconteça porque ao estarmos sentados, estamos em contacto directo com a terra (abaixo de si há sempre terra) e adquirimos uma postura corporal - postura de lótus - que nos permite que as costas adquiram uma posição vertical (uma perfeita perpendicular ao céu) que facilita o fluxo da respiração. Meditação tem sobretudo a ver com a concentração na nossa respiração. Ao atingirmos este foco absoluto na nossa respiração começamos lentamente a diferenciar os nossos sons internos. O ruído que surge - que nada mais é do que os milhares de pensamentos que convivem connosco - vai lentamente diminuindo. Adquirimos inclusive uma capacidade de nos disciplinarmos no sentido de que, de cada vez que a mente fugir para o tal pensamento, nós detetamos, e redirecionamos a nossa atenção para o nosso objectivo. Prática, prática e mais prática. Sim, nada se consegue sem esforço, não é verdade?

Muito bem, diferença entre praticar meditação e ser mindfulness. Como a palavra indica, mindfulness sugere "mente cheia", porém mindfulness é a arte de prática continuada de meditação e sugere-nos uma "mente vazia". Confuso? Vamos ver...

Quando dizemos que a meditação nos ajuda a esvaziar a mente do ruído interior e exterior, estamos a fazer uma analogia com a capacidade adquirida de controlar o tipo de pensamentos que queremos que existam no nosso consciente. Isto é, ao focar a atenção repetidamente para um tipo de pensamentos vamos estar a ensinar um caminho neurológico aos nossos neurónios, que por sua vez estarão a criar novas sinapses entre si correspondentes aos novos pensamentos adquiridos. Continuando esta prática, com o passar do tempo torna-se cada vez mais fácil de aceder a esse estado mental desejado. Porquê? Porque os nossos neurónios já traçaram esse percurso milhares de vezes e portanto conhecem o caminho. Por isso, uma pessoa que pratique meditação regularmente tem uma maior capacidade de apelar à sua própria calma, tolerância e relaxamento sempre que precise, e sempre que quiser.

Este estado é o estado de ser mindfulness: quando no nosso dia-a-dia nos comportamos como alguém que rapidamente consegue aceder ao padrão de pensamento que deseja - pois possui um auto-controlo mental, ou neuronal, que assim o permite. Por isso se diz "mente cheia", porque se faz referência ao autodomínio neuronal que aquela mente possui em si mesmo, e na sua vida. E isso reflecte-se no seu comportamento, e na sua postura em relação à vida. Esta pessoa sabe onde, e como aceder a algo que é superior a ela mesma.

Mindfulness é a capacidade de estar consciente daquilo que acontece ao seu redor - permanentemente. Parece cansativo? No entanto é extremamente relaxante. Ter controlo sobre si mesmo, sobre o que acontece ao seu redor e sobre como decide interagir com isso evita muitas noites sem dormir, muito arrependimento e apazigua a sua alma consigo mesmo. Além disso, o seu cérebro estará a adquirir um fluir biológico riquíssimo onde profundas alterações a nível cognitivo irão iniciar - verificáveis por imagiologia e mencionadas nos mais recentes estudos sobre os benefícios do mindfulness para o cérebro.


O que é meditação para uma criança?

Vou usar uma frase que adaptei de uma outra e com a qual me identifico demasiado: " Ser criança é válido até ser quem sou e descobrir tudo o que há para descobrir".

Pois bem, praticar meditação na idade de criança é a garantia em como este descobrimento sobre nós próprios começa no início das nossas vidas.

Sim, adoraria ter iniciado esta prática ainda criança. Mas, se tal não aconteceu com a maioria das pessoas de duas e três gerações anteriores, pelo menos que de ora em diante isso já não seja um facto, mas uma escassez.

Acompanhar uma criança nesta iniciação de meditação desde os seus dez aninhos de idade - quanto mais cedo melhor, dependendo da maturidade da criança - irá trazer-lhe benefícios a nível de autoconhecimento, auto desenvolvimento, auto-controlo e sobretudo cognitivo.


O que muda no cérebro?

Quando a criança é convidada a - no seguimento de uma actividade de relaxamento - sentar-se em silêncio à custa de determinados exercícios específicos para iniciar as crianças na meditação, aquilo que podemos esperar, neurologicamente falando, é de uma alteração a nível da frequência de ondas que estão em controlo da atividade cerebral. O nosso estado consciente e alerta corresponde ao estado Betha cuja frequência de ondas varia entre os 14 e 21 ciclos/segundo. Num estado de meditação não demasiado profundo o cérebro reduz a sua atividade para a frequência Alpha entre 7 a 14 ciclos/segundo. Quer isto dizer que ao meditar, silenciar a mente, a velocidade de pensamentos da criança reduz consideravelmente. Isto por si só vai induzir a criança a começar a perceber e reconhecer sentimentos e padrões de pensamento que ela não está habituada a perceber em si mesma. Passa a existir uma sincronização a nível de ondas cerebrais. 


Porquê meditação? Porque uma criança dos tempos de hoje é exposta a inúmeros estímulos externos provenientes das inúmeras interações audiovisuais a que está sujeita ao longo do dia. Assim sendo, é cada vez mais importante que lhe seja oferecida uma alternativa possível. Não como uma obrigação - a que ela legitimamente se sentirá forçada, e que a fará perder vontade de praticar, mas sim como uma realidade que existe, que é possível, e que é inclusivamente apoiada pelos pais. Os pais que o fizerem estarão a colocar nas mãos dos filhos uma ferramenta de defesa que eles poderão colocar em prática em qualquer momento das suas vidas - para o resto da vida.

Já imaginou o alcance que isto pode ter na qualidade de vida de uma criança?

Um humano que adquire desde cedo o hábito de auto-reflexão e auto- análise? Tomara todos os adultos poderem dizê-lo, não é assim?


Porém ...

Evite cair no erro de fazer disto um "cavalo de batalha" com o seu filho. Se o fizer, só estará a afastá-lo desta extraordinária ferramenta de que todas as crianças do mundo deveriam dispor. Ensine o caminho... e depois dê-lhe liberdade para o continuar se assim o entender. Cada um tem o seu tempo próprio para começar. Algo é certo: um conhecimento nunca se esvai da nossa consciência. Poderá ficar armazenado, arrumadinho, mas continua ali até ter a etiqueta certa. (Quanto à etiqueta certa, deixe isso para os anjinhos-da-guarda do seu filho - é um trabalho entre eles e os seus protegidos).


Meditação para os pais? Sim :)

Não muito distante do que se adquire enquanto criança. Porém há coisas a somar aqui.

Um adulto que pratique meditação vai iniciar um caminho de auto-conhecimento muito mais profundo tal é o seu nível de discernimento e consciência sobre a sua própria vida, e as suas próprias mágoas.

Um adulto que medite vai abrir um caminho para o auto-perdão sobre tudo o que representa o seu passado. Não está a ser referido aqui o factor "auto-absolvição" pois isso pertence a uma hierarquia espiritual muito acima das nossas capacidade (durante algum tempo). O que se pretende evocar é a capacidade que o adulto terá, dia após dia, de melhor entender as razões de determinadas ações na sua vida. E ao analisá-las sem culpa associada - ex-líbris do acto de meditar, pois escolhemos visitar esse pensamento ao invés de ele escolher nos visitar (muitas vezes em forma de pesadelo, ou trauma ) - as situações do passado começam a ser envolvidas por um bálsamo auto-sanador, esclarecedor, e muito apaziguador.

E quem beneficia desta sanação para além do pai e da mãe? A criança, que beneficiará sempre muito mais com a presença de pais esclarecidos e de bem consigo mesmos.


E em termos emocionais, onde começam os benefícios?

Para além do que foi já referido, o que vai acontecer com todo aquele que dê inicio à prática da meditação é o facto de, começar a se deixar envolver por algo superior a si - o amor universal. Esse lugar onde todos nos encontramos seja de que forma for. A sua empatia com o mundo vais aumentar, a sua empatia com os outros vai aumentar, a sua capacidade de se interligar ao que de mais fundamental possa existir nas nossas vidas. A sua atenção vai começar a exigir cada vez mais e melhores pensamentos. Mais e melhores conteúdos. Mais e melhor amor. Mais e melhor consciência. Por outras palavras... mais alegria no dia-a-dia, e mais daquela sensação de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance fazer.

Mas não acreditem no que os outros vos dizem... experimentem por vocês mesmos!


                                                                                                      Joana Fonseca


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Sugestões livros sobre Meditação aqui.

https://pnl-coachingeducacionais.cms.webnode.pt/l/meditacao-para-criancas-dificil-sim-mas-muito-util/

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