Deixar ir …
A capacidade de deixar ir, libertar o que nos prende inconscientemente a um sentimento de pesar e frustração só se adquire depois de tomarmos consciência dos episódios do nosso passado que decidimos "esquecer".
A Lei de Lavoisier sobre a Conservação das Massas diz-nos que " Nada se perde (...) tudo se transforma". Isto é, tudo o que existe provém de algo já existente, o que se consome apenas perdeu a forma original para passar a adotar uma outra pois "não se pode criar algo do nada, nem transformar algo em nada". Permitam-me a analogia mas eu creio que esta lei nos remete igualmente para um pensamento metafísico, não apenas aplicável à matéria mas também ao que sucede no nosso inconsciente - esse misterioso iceberg submergido.
Então, seguindo o raciocínio, como se transforma, em que se transforma um "esquecimento deliberado"? Primeiro é preciso referir que a nossa mente é - embora tantas vezes não o pareça - nossa eterna aliada. Se "optámos por esquecer" naquele momento e a partir daquele momento algo que pertence ao nosso passado, às nossas experiências, é porque houve um benefício maior. Aquele "esquecimento" foi útil. E permitiu-nos naquele fase das nossas vidas seguir em frente. Avançar. Buscar novas experiencias. Conhecer outras pessoas. Abrir caminho novo à nossa mente.
Porquê ?
Por vezes precisamos dar tempo para que a ferida possa sarar. Com calma. Distanciarmo-nos daquele foco de dor para que possamos vir à tona da água e respirar fundo. Dizer a nós mesmos que queremos viver. E de preferência com um sorriso na alma. Mas, lá está, o "esquecimento" não fez perder essa realidade. Ela continua a existir. E aguarda, carinhosamente, que nos predisponhamos a enfrentá-la, olhá-la nos olhos e dizer: "Vamos falar, quero resolver isto de vez!"
E quando é que podemos fazer isto?
Muito bem, quando uma das duas situações acontece: ou porque a vida nos obrigou a parar, ou porque a vida nos encheu de um amor universal tão forte que deixamos de reconhecer como nosso um qualquer sentimento que se aproxime de pesar ou frustração. A primeira é a mais drástica e subentende que estejamos privados da nossa liberdade - quer ela seja física ou mental. Qualquer uma das duas subentende dor. Dor extrema. Dor arrebatadora. Que nos atira para um campo de auto-pesquisa que não sabíamos necessitar enfrentar. Dor que nos paralisa e diz, ternamente, que precisamos conversar.
E se usarmos do nosso livre arbítrio para ignorarmos essa mensagem?
Então a vida se encarregará de nos gritar ainda mais alto que esta conversa é essencial para que continuemos a evoluir. E se não quisermos evoluir? Então não estamos a fazer nada de útil com a nossa vida e isso nos causará dor, incessante dor.
Como deixar ir? Como nos libertarmos desse pesar?
Enfrentando-o.
Como?
Aceitando que outrora alguém nos magoou muito. Revivendo esse episódio. E fazendo o extraordinário exercício de, pela primeira vez na nossa existência, nos ausentarmos de nós e nos colocarmos no lugar do outro.
Para quê?
Para que possamos entender com grande profundidade o que levou aquela pessoa a agir daquela forma. E então perdoar.
Alguém, ou muitos alguéns deste planeta disseram: o principal beneficiado em perdoar é aquele que perdoa. Pois quem perdoa, liberta-se. Quem perdoa, está a dar uma ordem superior a si mesmo para que o amor seja o maior sentimento da sua alma. Quem perdoa, deixou ir....
Joana Fonseca
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